Um grupo de cientistas, na sua maioria de origem russa,
descobriu uma maneira de criar plantas capazes de brilhar no escuro por todo o
seu ciclo. O estudo foi publicado na revista Nature Biotechnology, na
última segunda-feira (27).
Alguns organismos possuem a capacidade de emitir luz,
conhecida como bioluminescência, ela ocorre em uma ampla variedade de animais e
micro-organismos, como insetos (o mais conhecido inclui o vaga-lume), fungos,
peixes e plânctons, entre outros. Porém, não está presente nas plantas — por
isso, vários cientistas trabalham na tentativa de produzi-la artificialmente.
O grupo liderado pelo Dr. Karen Sarkisyan, do Institute of Clinical Sciences,
da Faculty of Medicine and Imperial College Centre for Synthetic Biology,
em London (UK), que também é CEO da startup Planta, uma das
integrantes do projeto, após descobrir a semelhança da bioluminescência
encontrada em alguns cogumelos com alguns dos processos naturais encontrados
nas plantas, conseguiram transferir sequências de DNA para as plantas de tabaco
(Nicotiana tabacum). A transferência os levou a emanar um brilho esverdeado,
que pode ser notada tanto durante o dia quanto à noite, de acordo com o estudo Karen
Sarkisyan, relata que eles transferiram quatro genes dos cogumelos brilhantes
para as plantas e os ligaram ao seu metabolismo. Isso, por sua vez, fazia
as plantas brilharem.
Outro
detalhe revelado é que as áreas mais brilhantes são as flores.
Uma grande questão sobre a recente descoberta da equipe
é que eles permitiram que as plantas brilhassem no escuro sem precisar usar
produtos químicos externos. Diferentemente de estudos anteriores,
ocorridos em 2017, realizados pela equipe de cientistas do Instituto de
Tecnologia de Massachusetts, que na época encontraram uma maneira de dar às
plantas a capacidade de produzir luz mergulhando-as em uma solução contendo
nanopartículas especialmente projetadas, permitindo que plantas como agrião,
couve, espinafre e rúcula brilhassem, mas só por um período de três horas e
meia.
Como
podemos usar essa descoberta?
Uma
das possibilidades, de acordo com a equipe de pesquisa, é criar indivíduos
esteticamente decorativos, no entanto essa descoberta pode ser utilizada para
pesquisas mais profundas do comportamento do metabolismo interno das plantas,
como o transporte de nutrientes, fitohormônios, etc. uma vez que, esses comportamentos
não são habitualmente observados.
Os pesquisadores acrescentam que fazer as plantas
brilharem de alguma forma nos permite construir um novo relacionamento com elas,
permitindo-nos apreciá-las muito mais facilmente sobre o quão vivas elas estão.
A técnica pode ter ainda outros potenciais utilidades, como a produção de plantas bioluminescentes específicas para a iluminação de áreas públicas e até mesmo para a decoração de ambientes, em um futuro não muito distante.
A técnica pode ter ainda outros potenciais utilidades, como a produção de plantas bioluminescentes específicas para a iluminação de áreas públicas e até mesmo para a decoração de ambientes, em um futuro não muito distante.
Plantas bioluminescentes durante o desenvolvimento. Emissão de luz de plantas de N. tabacum nos estádios de germinação (a), vegetativo (b) e floração (c); emissão de luz das raízes (d) e seção transversal das flores (e).
A escolha pelas plantas de tabaco é justificada pelo fato de crescerem
rápido e de já haver bastante conhecimento científico sobre esta espécie. O
fato de o ‘segredo’ estar no ácido cafeico, que é comum a muitas outras
espécies de plantas, pode abrir portas para que em breve plantas comuns possam
também ter propriedades luminosas, e sobretudo novos avanços até mesmo em
espécies florestais.
Por Túlio Santos |
Editorial Central Florestal
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