A identificação e caracterização de madeiras de
espécies florestais é de suma importância, pois permite o acesso às suas
propriedades proporcionando um melhor conhecimento e aplicação do material,
sendo assim nesse mês de abril nós do Central Florestal iremos dar ênfase as
principais áreas de atuação do Engenheiro Florestal na TECNOLOGIA DE PRODUTOS
FLORESTAIS.
A utilização adequada das espécies de madeira depende
de procedimentos que garantam a identificação das mesmas, quer seja como
árvores, toras ou madeira serrada. Adicionalmente, pode-se dizer que a
identificação é útil para o comércio, onde propicia meios para se detectar
enganos e fraudes.
A identificação de um vegetal arbóreo, matéria-prima
para a produção de madeira serrada, pode ser realizada, evidentemente com
níveis de confiabilidade diferentes, através de processos científicos ou de
práticas populares.
Nos estudos anatômicos de identificação de madeiras são
utilizadas duas abordagens distintas, a macroscópica
e a microscópica. Na identificação macroscópica
são observadas características que requerem pouco ou nenhum aumento. Tais
características são reunidas em dois grupos: as organolépticas e as anatômicas.
As características organolépticas
ou sensoriais englobam: cor, brilho, odor, gosto, grã, textura, densidade,
dureza e desenhos. As características anatômicas,
como camadas de crescimento, tipos de parênquima, poros (vasos) e raios; são observadas
à vista ou com auxílio de uma lupa de 10 vezes de aumento.
A identificação microscópica são observadas as
características dos tecidos e das células constituintes do lenho, que não são
distintas sem o uso de microscópio, tais como: tipos de pontoações,
ornamentações da parede celular, composição celular dos raios, dimensões
celulares, presença de cristais etc.
Características
para a identificação macroscópica
Características organolépticas
As principais características observadas são: cor,
odor, gosto, textura, brilho, grã e densidade aparente. Um aspecto importante a
ser considerado ao analisar características organolépticas é que existe
subjetividade na sua avaliação devido às diferenças de sensibilidade entre os
observadores.
Cor do cerne
As categorias de cores de madeira normalmente
observadas são: esbranquiçada, amarelada, avermelhada, acastanhada, parda,
enegrecida e arroxeada. Eventualmente também podem ser observadas madeiras de
outras cores, como o verde (palo-santo, Bulnesia
sarmientoi) ou com várias cores, com um padrão rajado (angelim-rajado, Marmaroxylon racemosum).
Gosto
O gosto é uma característica útil para a confirmação da
identidade de algumas madeiras. O gosto deve ser verificado removendo-se
algumas raspas ou lascas da madeira, mastigando-as e posicionando-as em várias
partes da língua. O gosto mais característico é o amargo (angelim-amargoso, Vatairea guianensis; peroba-rosa, Aspidosperma polyneuron) embora algumas
madeiras possam possuir gosto adocicado (araribá, Centrolobium tomentosum).
Odor
Classifica-se o odor como indistinto ou distinto. Sendo
distinto o odor pode se agradável (cerejeira, Amburana cearensis), desagradável
(cupiúba, Goupia glabra) ou característico (palo santo, Bulnesia sarmienti).
Grã
A grã refere-se à orientação e ao paralelismo dos
elementos celulares verticais em relação ao eixo longitudinal do tronco da
árvore. A grã pode variar como:
direita: os elementos celulares são bem paralelos ao eixo do
tronco;
cruzada ou revessa: os elementos celulares assumem orientações variadas, não
paralelas ao tronco, chegando mesmo a ser perpendiculares à face longitudinal da
madeira;
inclinada: os elementos celulares estão em disposição oblíqua em
relação ao eixo longitudinal do tronco;
helicoidal: os elementos celulares apresentam-se espiraladamente
ao longo do tronco;
ondulada: os elementos celulares alternam a sua orientação
formando desenhos na forma de ondas ao longo do eixo longitudinal.
Textura
A textura é uma característica relacionada à dimensão e
organização dos elementos celulares que compõem a madeira. Ela pode ser sentida
visualmente, mas a delimitação precisa é feita com microscópio. As opções de
textura são:
textura fina, textura média , variável, textura grossa,
textura fibrosa.
Brilho
Várias madeiras apresentam brilho natural que está
relacionado tanto com a orientação dos elementos celulares como com a presença
de extrativos (resinas, óleos) no cerne.
Densidade
de massa
As madeiras podem ter densidades de massa muito
variadas, e esta característica pode ser bastante útil para a identificação
mesmo sem a mensuração precisa desta propriedade física, apenas com uma determinação
sensorial. Para a identificação macroscópica a denominação usada popularmente
de “peso da madeira”, classificando as madeira em “leves” e “pesadas”, já
é bastante útil. Ex.: madeira de baixa densidade (“leve”), cedrinho (Erisma uncinatum); madeira de alta densidade
(“pesada”), jatobá (Hymenaea courbaril).
Características
anatômicas macroscópicas
As características anatômicas utilizadas estão ligadas
à forma, tamanho ou distribuição dos elementos celulares: vasos, raios
parenquimáticos e parênquima axial.
Para estudos anatômicos adotam-se os seguintes planos
convencionais de corte:
Transversal (X): perpendicular ao eixo axial da árvore;
Longitudinal Radial (R): na direção axial, paralelo ao
eixo maior do tronco e paralelo à direção dos raios lenhosos, e ainda
perpendicular aos anéis de crescimento;
Longitudinal Tangencial (T): na direção axial, paralelo
ao eixo maior do tronco e em ângulo reto ou perpendicular aos raios lenhosos e
ainda tangencial aos anéis de crescimento.
Vasos

Porosidade
A porosidade refere-se à dispersão dos vasos na seção
transversal da madeira.
Porosidade difusa - apresenta os vasos dispersos de forma aproximadamente
uniforme. Ex.: jatobá (Hymenaea courbaril)
Porosidade em anéis - apresenta vasos de maior diâmetro dispostos em faixas
concêntricas do tronco. Os anéis devem aparecer de forma sistemática do centro
para a periferia da árvore e podem ser do tipo poroso ou semi-poroso.
Parênquima
axial
O parênquima axial é um tecido formado por células
geralmente cilíndricas ou prismáticas orientadas paralelamente ao maior eixo da
árvore. Ao parênquima estão relacionadas funções de armazenamento de reservas e
do metabolismo geral das plantas. O parênquima axial, quando presente, pode assumir
diversas configurações distintas, o que permite sua classificação conforme o
desenho formado. A identificação do tipo de parênquima axial é uma característica
essencial para a identificação de madeiras. Às vezes basta a identificação do
tipo de parênquima para se assegurar a que família botânica a espécie
pertence.
Com informações de:
ZENID, G.J.; CECCANTINI, G.C.T. Identificação
Macroscópica de Madeiras. Instituto de
Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo – IPT, 2007.
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